Fragmentos - parte I
@ Largo dos Lóios, Porto
Colecionamos o tempo;
colamo-lo como garantido à rotina, sem vida.
colamo-lo como garantido à rotina, sem vida.
Acumulamos dias e dias,
sem lhes dar dinâmica e verdadeira intensidade
ou verdadeira intenção.
Empacotamos memórias
e quantas vezes nos esquecemos de as memorizar?
Fotografamos a vida,
e tantas vezes nos esquecemos de estar,
de constar, de ser elemento integrado.
Sabemos que não estamos sozinhos,
mas não nos deixamos acompanhar.
Tantas e tantas vezes é sem ninguém que seguimos
e nem sempre conseguimos.
E outras vezes sim.
Podem até prender-te,
guardar-te, esconder-te,
num bolso colado ao peito
ou num outro que se rasga na perna.
Podem até virar-te as páginas,
mudar-te a história,
mudar-te os traços e o rumo.
E podem, mesmo assim,
nunca te mudar realmente.
Porque, mesmo contra a maré,
serás o primeiro a decidir por ti,
a partir-te em pedaços,
a romper os espelhos,
a rasgar as fotografias,
a atear fogo ao inferno,
a chover em pleno inverno,
a olhar para ti!
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