sexta-feira, 22 de maio de 2015

#418

 

Segredos desta cidade...
@ Largo dos Lóios, Porto


Nesta cidade, a vida surge
e traz consigo recantos encantados.
Os detalhes estão entalhados nas suas veias
e nas suas artérias, as ruas.
Esta cidade vive da surpresa,
vive do surpreendente
e do surpreendido.
Cada passo alimenta-se de uma certeza única:
nada no passo seguinte é certo;
é certo que não é errado,
mas é incerto, certamente.

Nesta cidade, os nomes fundem-se
e abraçam-se uns nos outros.
São os mesmos não o sendo.
São iguais na profundeza do retrato.
O meu nome é este. Sim.
É meu porque me cruzei com ele
e porque me abraçou.
O meu nome é este. Talvez.
Meu porque é o que tenho,
mesmo que outros o tenham também.

Esta cidade é luz vaga
e uma personificação imensa;
é um corpo absortivo de emoções,
com membros que não se estagnam
e não se estragam
e não se escapam,
mesmo que se esfumem
e se esfarrapem para serem mais.

Cantava-o o poeta sobre Coimbra,
mas hoje canto-o eu sobre o meu Porto:
"segredos desta cidade levo comigo p'rá vida"
e nunca esquecerei que,
num qualquer recanto teu por onde passei,
"levas em ti guardado o choro duma balada".


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